Wednesday, February 13, 2013

A Metamorfose das Carreteras



A categoria carreteras é uma das que mais fascinou os fãs brasileiros de automobilismo. Inicialmente, carreteras eram cupês de fabricação predominantemente americana dos anos 30 a 40, aliviados e com motores potentes e altamente preparados usados em corridas de estrada no sul do Brasil. A categoria, e o nome, foram herdados dos argentinos, e bem descreve a intenção original da categoria, pois “carretera” significa estradas em espanhol.

Eventualmente, a categoria foi se adaptando. No começo, havia pouca distinção entre as carreteras e os cupês americanos que disputavam provas no sudeste do país, pois muitas carreteras preservavam os para-lamas e a carroceria original do carro. Com o passar do tempo, não se via mais carreteras com para-lamas, cuja remoção reduzia substancialmente o peso dos carros.

Não se realizavam corridas de longa duração no autódromo de Interlagos até a realização das 24 horas, em 1952, disputada somente por carros Mercedes. Wilson Fittipaldi, um dos mais dinâmicos promotores do automobilismo da época, vislumbrou que o futuro do esporte estava justamente nas provas de longa duração, assim criou-se o embrião das Mil Milhas Brasileiras. A primeira edição foi disputada, com muitos carros vindo do Sul do Brasil, incluindo Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. Como era inviável realizar a prova com carros esporte (muito poucos, e de preparação limitada, provavelmente não durariam três horas) ou monopostos, as primeiras edições das Mil Milhas foram dominadas por carreteras, além de alguns carros de turismo preparados. Como a categoria era muito difundida no Rio Grande do Sul, os gaúchos dominaram as primeiras edições das Mil Milhas, mas a onda das carreteras “pegou” em São Paulo, e logo os paulistas estavam preparando carreteras rápidas e resistentes.

Se no início da década de 50 os carros nos quais as carreteras se baseavam não eram tão velhos, já no final da década pareciam velhuscos. Assim,, duas coisas aconteceram já no fim da década: a aparência dos carros ficava cada vez mais distanciada dos cupês Chevrolet, Ford, Studebaker e Cadillac, no qual as carreteras se baseavam, e o “conceito” de carreteras começou a ser adaptado a carros modernos, de baixa cilindrada. Principalmente as dianteiras das carreteras começaram a parecer frentes de monopostos, e carros como o Fiat passaram a ser enquadrados na categoria. A categoria foi tecnicamente chamada de Turismo Força Livre, e logo, até mesmo as equipes da fábrica da Willys, Simca e Vemag começaram a montar carreteras, com base em veículos atuais.

Quando falamos em protótipos, na atualidade, logo pensamos em veículos bipostos, com ou sem capota, preparados exclusivamente para competição. Eventualmente, à medida que as velhas carreteras foram aposentadas no Brasil, a categoria Carreteras se transformou em Protótipos CBA, abrigando as velhas carreteras com motores Corvette e Ford, as carreteras Simca, DKW e Gordini, além de um sem número de protótipos Patinho-Feio com motor VW, que surgiram em diversas áreas do Brasil, a partir de 1967, além de carros como o protótipo Regente de Breno Fornari. Assim é que em muitos resultados de corridas da época 1968 a 1971, aparecem Protótipos Corvette, que na realidade, eram carreteras. Destes, o único protótipo Corvette na acepção moderna da palavra era o protótipo de Bica Votnamis.

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